O relatório European Groundshot da Comissão de Oncologia da Lancet, apresentado no European Cancer Summit 2022, estima que no primeiro ano da pandemia os médicos viram 1,5 milhão a menos de pacientes com câncer, enquanto um em cada dois pacientes com câncer não fez a cirurgia ou quimioterapia necessária a tempo. Além disso, 100 milhões de testes de diagnóstico por imagem para câncer não foram realizados, de modo que até um milhão de europeus podem atualmente ter câncer não diagnosticado.
Com os dois anos de pandemia muitos foram levados a negligenciar os exames preventivos anuais. “Estamos em uma corrida contra o tempo para encontrar esses cânceres perdidos. Além disso, vimos um impacto alarmante na pesquisa sobre o câncer, com fechamento de laboratórios e ensaios clínicos adiados ou cancelados durante a primeira onda da pandemia”, disse o chefe da pesquisa alertando que na próxima década esperamos ter um “epidemia” de câncer.
E este não é o único sinal preocupante.
Além do coronavírus, a guerra na Ucrânia tem seu próprio impacto, já que Rússia e Ucrânia sempre foram dois países fortemente envolvidos na pesquisa clínica do câncer. “Embora tenha havido extensa cobertura de notícias sobre a invasão russa da Ucrânia, o impacto profundo e contínuo na pesquisa clínica do câncer passou relativamente despercebido. Já existe uma divisão leste-oeste cada vez maior na pesquisa europeia sobre o câncer, e é fundamental que a guerra Rússia-Ucrânia não aumente ainda mais essa lacuna”, disse o presidente da Agência Europeia do Câncer.
Estima-se que 40% dos cânceres na Europa poderiam ser evitados se as estratégias de prevenção primária fizessem melhor uso de nossa compreensão atual dos fatores de risco do câncer. Além disso, é provável que até um terço dos casos de câncer na Europa tenham um resultado melhor se detectados mais cedo.
Texto originalmente publicado em enallaktikidrasi e adaptado pela equipe do blog Educadores.