Perigo para os insetos e para os humanos
No verão o que não falta são insetos. Moscas, mosquitos, formigas e baratas parecem surgir do nada. Porém, muitas vezes, a solução que encontramos para este problema é o uso de inseticidas domésticos e o que muitos não sabem é que eles não são ameaçadores somente para os insetos, mas também para a nossa saúde.
Informações do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz (Sinitox/Fiocruz) apontam que de 2008 a 2012 foram contabilizados 12.617 casos de intoxicação por piretróides (principal ativo destes produtos), em sua maioria de crianças menores de 4 anos. As complicações mais comuns são: reações alérgicas, como dermatites, asma, rinite, parestesias (sensações de queima, picada, coceira, formigamento, dormência), dor de cabeça, fadiga, salivação, náusea e vômito, tremor, diarreia, irritabilidade e desmaios.
A gravidade do uso destes produtos, porém, vai muito além. A exposição frequente aos inseticidas está relacionada a diversos distúrbios graves. No ano de 2017, cientistas da Universidade de Teerã, no Irã, divulgaram um estudo na revista Archives of Toxicology, onde era evidenciado um periódico médico elaborado no ano de 1930.
Ao relacionar dados, os estudiosos reconheceram um aumento da incidência do distúrbio do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), autismo e atraso no desenvolvimento infantil. Já nos adultos, encontraram risco aumentado para o desenvolvimento de leucemia, esclerose lateral amiotrófica, diabetes e alterações no sistema reprodutivo, com diminuição na contagem e na mobilidade de espermatozoides.
Outro estudo divulgado em 2017 por cientistas das universidades estaduais de Nova York e da Pennsylvania, ambas nos Estados Unidos, apontaram dados igualmente preocupantes: nas regiões em que esses inseticidas são pulverizados no combate a mosquitos transmissores do vírus Zika e outras doenças, houve um aumento nos casos de atraso relacionados ao neurodesenvolvimento infantil, prejudicando o aprendizado. A informação confirma as informações obtidas em 2015 por cientistas da Universidade de Rennes, na França, que estudaram os efeitos da exposição infantil a essas substâncias.
Como os piretroides (substância principal do químico) atravessam a placenta, põem em risco também os fetos. No ano de 2013, cientistas do Departamento de Neurologia do Hospital Central em Jiaozuo, na China, concluíram os efeitos negativos da exposição a estes produtos em gestantes sobre o desenvolvimento neurológico e mental dos bebês.
Efeito tóxico prolongado
Informações originadas de estudos mostraram que a concentração dos piretróides permanecem no ambiente por até 17 horas após o desligamento do vaporizador elétrico de inseticidas. Além disso, em caso de produtos em aerossol, pulverizado por apenas dois segundos, o princípio ativo pode ser encontrado no chão e sobre móveis em quantidades significativas horas depois, suficientes para elevar os riscos de intoxicação em seres humanos.
As crianças são o grupo de maior risco de intoxicação, pois passam a maior parte do tempo brincando no chão e levam as mãos com frequência à boca.