Início Bem estar Descubra o que é e como identificar a gordura no fígado

Descubra o que é e como identificar a gordura no fígado

1828
0

Esteatose hepática não alcoólica

O fígado é um dos órgãos mais agredidos pela nossa péssima qualidade de vida e por isso que cada vez mais doenças hepáticas surgem. Uma das doenças hepáticas mais comuns é a esteatose hepática, também chamada de gordura no fígado.

“Estima-se que ela já atinja 40% dos adultos que moram no Ocidente”, afirma o hepatologista Raymundo Paraná, presidente da Associação Latino-Americana para o Estudo do Fígado.

A gordura no fígado é resultado de uma estatística brasileira, onde estima-se que 54% dos brasileiros estão acima do peso e 18% estão obesos.

“Isso se reflete num pacote de malefícios que chamamos de síndrome metabólica, com o aparecimento de alterações no colesterol, hipertensão, diabetes e a esteatose”, observa o gastroenterologista Fernando Wolff, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

Esta doença, sendo silenciosa, se torna ainda mais perigosa: como não há queixas, o paciente vive anos sem se preocupar com o que se passa dentro do abdômen. Enquanto isso, aumenta o risco de sofrer um ataque cardiovascular, como infarto ou AVC.

“Para piorar, 15% desses indivíduos evoluem para um quadro mais sério, a esteato-hepatite”, calcula Paraná. Nessas circunstâncias, o fígado é refém de inflamação e lesões e não consegue executar suas funções direito. Se nada for feito, um câncer ou uma cirrose são a próxima etapa.

Apesar disso, é possível evitar que o órgão chegue a uma situação desesperadora. Basta fazer um ultrassom para ter o diagnóstico e, a partir daí, iniciar uma terapia simples e efetiva — sem necessitar tomar remédios! “O pilar do tratamento é emagrecer por meio de mudanças na dieta e prática de exercícios”, resume o hepatologista João Marcello de Araujo Neto, do Instituto Nacional de Câncer.

Para que serve o fígado?

Produção da bile, substância que ajuda na digestão dos alimentos gordurosos.

Fabricação das partículas que transportam colesterol (LDL, HDL…).

Armazenamento e liberação de glicose, a nossa grande fonte de energia.

Limpeza do organismo por meio da eliminação de resíduos tóxicos.

Processamento e aproveitamento de medicamentos e hormônios.

Destruição das células vermelhas do sangue que estão com algum defeito.

Depósito das vitaminas A, B12, D e E e de minerais como ferro e cobre.

Como surge a esteatose hepática não alcoólica

1. Excesso de peso, sedentarismo e dieta desbalanceada fazem com que a quantidade de glicose no sangue aumente demais.

2. Com o passar do tempo, esse cenário leva à resistência à insulina. Isto é, esse hormônio não consegue mais colocar o açúcar para dentro das células.

3. A sobrecarga de glicose vai parar no fígado. Em células denominadas hepatócitos, ela é transformada em triglicérides, um tipo de gordura.

4. Como o organismo já tem energia de sobra, esses triglicérides ficam armazenados nessas células, que se tornam cada vez mais gordurosas.

5. Com o tempo, os hepatócitos gorduchos perdem eficiência e parte de seu funcionamento.

6. A falta de células hepáticas em bom estado gera um estresse danado no fígado, que entra em estado de inflamação.

7. Vários hepatócitos morrem. Em seu lugar, surge um tecido fibroso parecido com uma cicatriz.

8. Esse processo pode terminar de dois jeitos ruins: ou aparece um câncer ou uma cirrose.

Como é feito o diagnóstico?

Como o problema não dá sintomas, o jeito é realizar exames de rotina para detectá-lo:

Sangue: As enzimas ALT e AST (também conhecidas como TGO e TGP) estão elevadas? Sinal de que algo não está bem no fígado.

Ultrassom: Permite avaliar o estado da glândula e ver se há muita gordura por ali.

Biópsia: Necessária para determinar a gravidade e a extensão do quadro.

Como diminuir a gordura no fígado?

1. Dieta e exercício fazem a pessoa perder peso. Isso diminui as taxas de glicose e alivia a resistência à insulina.

2. Com isso, os triglicérides são liberados aos poucos pela glândula na forma de VLDL, que serve de energia para várias partes do organismo.

3. O emagrecimento, contudo, precisa ser gradual. Assim, as reservas de gordura localizadas no abdômen são descartadas sob medida.

4. Uma perda de peso veloz faz muita gordura do tecido adiposo ser despejada e se encaminhar em bloco para o fígado, o que desencadeia uma inflamação.

O fígado também pode ser danificado por outros motivos:

Álcool: O abuso na bebida segue como um dos principais causadores de cirrose no mundo.

Vírus: Os agentes infecciosos por trás das hepatites A, B e C são os mais preocupantes.

Remédios: Em longo prazo, o uso incorreto ou exagerado de medicamentos gera uma pane no órgão.

DNA: Já foram identificadas mutações genéticas que aumentam o risco de desenvolver a esteatose.