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A cura “milagrosa” de câncer que intriga ciência

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Uma mulher de 74 anos começou a apresentar uma irritação na pele que não melhorava. Quando finalmente procurou um hospital, parte de sua perna direita estava coberta de nódulos e os testes confirmaram que se tratava de um carcinoma, um tipo de câncer de pele.

 Alan Irvine, oncologista responsável pelo tratamento da paciente no Hospital St. James, em Dublin, na Irlanda, lembra que a amputação parecia ser a única opção viável, pois  os tumores estavam espalhados, a radioterapia não seria eficiente. No entanto, pela idade da paciente, seria difícil que ela se adaptasse bem a uma prótese.

“Decidimos simplesmente esperar e pensar em outras possibilidades, mesmo sabendo que haveria muito sofrimento pela frente”, conta.

Foi aí que o “milagre” começou: apesar de não terem sido tratados, os tumores diminuíram e murcharam até desaparecerem completamente.

 “Não tínhamos dúvida alguma de que o diagnóstico estava correto, mas depois disso nada aparecia nas biópsias ou nos exames de imagem”, diz o médico. “O caso mostra que é possível para o corpo combater o câncer, mesmo que isso seja incrivelmente raro.”

A paciente, no entanto, acredita muito no poder de Deus. Conforme sua fé, foi Ele quem a salvou – e claro que isso é algo válido, dentro da fé de cada um. No entanto, os cientistas  estão estudando a biologia por trás da chamada “regressão espontânea” para buscar pistas de como fazer com que a autocura se torne mais comum.

É difícil, quase improvável, uma recuperação espontânea

Acredita-se que apenas um em cada 100 mil pacientes pode se livrar do câncer sem receber tratamento. No entanto, nesses raríssimos casos ainda há histórias inacreditáveis e impressionantes. Um hospital da Grã-Bretanha, por exemplo, recentemente tornou público o caso de uma paciente que descobriu um tumor entre o reto e o útero pouco antes de saber que estava grávida. A gestação correu bem e o bebê nasceu saudável. Quando ela foi finalmente tratar o câncer, seus médicos notaram, com muito espanto, que o tumor desapareceu misteriosamente durante a gravidez. 

“Um paciente que não receba tratamento pode morrer em poucas semanas ou até em uma questão de dias”, conta Armin Rashidi, da Universidade Washington, em St. Louis. Ele, no entanto, encontrou 46 casos em que essa doença regrediu sozinha. “É possível que 99% dos oncologistas digam que isso é impossível de acontecer”, afirma Rashidi, que escreveu um artigo sobre o assunto com o colega Stephen Fisher.

Garrett Brodeur, do Hospital Infantil da Filadélfia está buscando entender os mecanismos por trás do desaparecimento de um câncer. “Queremos desenvolver agentes específicos que possam iniciar a regressão para não termos que esperar que a natureza tome seu rumo ou que ‘Deus’ decida”, afirma o médico.

Até agora, boas evidências foram encontradas pelos cientistas, mas ainda estão limitadas. Se os estudos prosseguirem nesse ritmo, quem sabe em breve teremos uma cura para o câncer de maneira menos agressiva que as quimio e radioterapias.

É uma esperança.

Texto originalmente publicado em bbc e adaptado pela equipe do blog Educadores.