Sigmund Freud postulou há mais de 100 anos nas descrições de seus casos clínicos, que não apenas crianças pequenas, mas também bebês sofrem traumatizações endógenas e exógenas e que esses estados psicológicos opressores são armazenados na memória e podem impedir seu desenvolvimento posterior.
No entanto, Freud, que se formou em neuropatologia em 1895, bem como em comportamentalismo na época, ainda não tinha à sua disposição os atuais métodos de pesquisa neurológica que vêm sendo desenvolvidos ao longo de mais de 30 anos para tratar de problemas psicanalíticos.
Desde 1997, a psicanalista e pesquisadora de apego Susan W. Coates descreveu em seus estudos empíricos de processos de memória desde o nascimento como bebês e crianças pequenas são afetados em seu desenvolvimento psicológico por eventos traumáticos antes do desenvolvimento de uma memória consciente. A cientista também descreve como podem ser tratados terapeuticamente para que a deterioração psicológica causada pelo trauma não se solidifique e se intensifique no desenvolvimento até a idade adulta.
Primeiro, crianças pequenas e bebês (incluindo recém-nascidos) podem sentir dor intensa e mostrar sintomas de trauma. Eles são capazes de passar por um evento doloroso e com risco de vida. Em segundo lugar, esses eventos podem ser memorizados ou representados simbolicamente, ou seja, armazenados na memória de uma forma que pode afetar o comportamento e o aprendizado subsequentes. Terceiro, como essa traumatização se resolve por conta própria, ou não, pode ser decisivamente afetado pelo funcionamento do sistema de apego. – Susan W Coates
Em crianças, ocorrem as mesmas três categorias básicas de sintomas psicotraumáticos que também podem ser vistos em adultos:
Reviver trauma, anestesia emocional (maior isolamento social, menos demonstração de afeto, perda temporária de habilidades adquiridas, menos atividade lúdica) e hiperexcitação com pesadelos, distúrbios do sono, problemas de atenção, hipervigilância e reações excessivas de terror.
Isso significa que os eventos traumáticos são armazenados e representados episodicamente e simbolicamente na fase pré-lingüística do desenvolvimento. Como consequência, a memória física na memória episódica configura um maior desenvolvimento psicológico, visível e mensurável no comportamento lúdico da criança.
As consequências freqüentes do trauma infantil também são sintomas novos, especialmente medos semelhantes à fobia ou agressividade que não estavam presentes antes do evento traumático.
Segundo Coates, a influência da qualidade da relação do cuidador principal no processamento do trauma é crucial. Portanto, cuidar dessa pessoa importante pode piorar ou regular a ansiedade da criança.
Ao prestar os cuidados necessários, a capacidade da mãe de detectar os sinais do trauma da criança e responder às suas necessidades pode atenuar o impacto dos sintomas. No entanto, se não é a criança, mas a mãe que sofre um trauma grave e, consequentemente, os estados psicológicos são retraídos ou superexcitados, a criança também começará a desenvolver os sintomas.
Texto originalmente publicado em menteasombrosas e adaptado pela equipe do blog Educadores.