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Realizada, dona Almeri, de 71 anos, se forma em pedagogia e sonha em “continuar contribuindo para a sociedade”

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Nunca é tarde para aprender mais

Nunca é tarde para aprender. Nunca é tarde fazer algo que vá nos beneficiar. É isso o que pensa a dona Almeri Pereira, pedagoga, formada aos 71 anos.

 “Ninguém sabe tudo. A pessoa pode ter 100 anos, mas sempre vai ter alguma coisa para aprender. As dificuldades nós que criamos” afirma com orgulho a mais nova formada em pedagogia na UFSM.

Natural de Sobradinho (RS), ela relembra, emocionada, de quando decidiu voltar a estudar. Seu marido havia recém falecido e suas duas filhas foram morar longe. Com isso, Almeri começou a se sentir sozinha e decidiu amenizar a solidão ao iniciar os estudos no EJA (Educação para Jovens e Adultos). A partir de então, ela ficou fascinada pelos estudos e após terminar o EJA decidiu tentar o vestibular. “Peguei amor pelo estudo. Em um ano e meio eu fiz o EJA, com 60 e poucos anos de idade. Quando terminei, quis fazer vestibular”, relembra.

No ano de 2014, com 65 anos, decidiu prestar vestibular e foi aprovada, ficando em segundo lugar no curso de Pedagogia do Centro de Educação, campus sede da UFSM. No ano de 2015, dona Almeri inicia sua jornada com grandes expectativas de poder trabalhar como professora.  

Ela conseguiu uma vaga na Casa do Estudante (CEU) e apesar de precisar lidar com alguns empecilhos durante a faculdade, fez grandes amizades e conquistou o coração de muitas pessoas. Ela conta que sempre foi respeitada pelos alunos, professores e colegas e nos estágios era chamada de “avó” pelas crianças. “Os pequenininhos me adotaram como vovó. Eles queriam sempre estar no meu colo brincando, me agarrando. No meu último dia eles não queriam que eu fosse embora, escreveram cartinhas”, conta.

Ela também conta que enfrentou dificuldades para fazer o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), tanto é que ela escreveu todo ele à mão. “Já estou acostumada com o computador, mas escrevendo parecia que eu raciocinava melhor, eu gravava melhor na minha mente. Escrevi quase um caderno todo em uma noite, eu amanhecia escrevendo”, explica.

Mas afinal, toda a sua dedicação e perseverança valeram a pena. Seu TCC  abordou a inclusão de deficientes auditivos nas universidades e teve como resultado a nota 10. Ela foi homenageada durante a apresentação do seu trabalho de conclusão e se emociona ao recordar que o professor tocou violão e tocou a música “Tocando em frente”, de Almir Satter. “Chorei muito, ele cantou uma música muito a ver comigo”, comenta.

A mais nova pedagoga se formou no dia 11 de janeiro, deste ano de 2020, no Centro de Convenções da UFSM e conta que durante a colação de grau e foi homenageada no discurso de alunos e professores.

Comovida, ela conta que vai sentir saudades da rotina na Universidade. “A UFSM me preencheu, me satisfez. Eu amo a UFSM e espero que continue esse sistema, com essa dedicação que eles têm”, afirma. Agora, o objetivo dela é trabalhar na área de Pedagogia, lecionando para crianças e “continuar contribuindo para a sociedade”.