As abelhas são polinizadoras queridinhas de muitos de nós. A importancia delas para o equilibrio da natureza é imensurável. Mas pesquisadores tem cada vez mais encontrado significado na existencia das abelhas: eles descobriram que o seu veneno mata células agressivas do câncer de mama sem prejudicar muito os modelos normais in vitro e os ratos.
Além disso, a combinação de melitina (o ingrediente ativo isolado do veneno) e drogas quimioterápicas tem se mostrado extremamente eficaz na inibição do crescimento de células cancerosas em camundongos. A equipe acredita que suas descobertas terão um papel fundamental na luta contra alguns dos tipos de câncer de mama mais agressivos e difíceis de tratar, que não respondem particularmente bem aos tratamentos atuais.
O veneno é extremamente bem-sucedido no direcionamento seletivo de células cancerosas HER2-positivas – uma forma de câncer de mama que se caracteriza por altos níveis de fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER2) e que estimula o crescimento do câncer. O câncer de mama HER2-positivo responde a drogas que têm como alvo o HER2, mas é extremamente agressivo e cresce particularmente rápido.
“Ninguém jamais comparou os efeitos do veneno da abelha melífera ou da melitina em diferentes subtipos de câncer de mama e em células normais”, disse a Dra. Kiara Duffy, autora principal do estudo no Instituto Médico Harry Perkins. “Nós descobrimos que tanto o veneno da abelha quanto a melitina reduzem de forma significativa, seletiva e rápida a viabilidade das células cancerosas triplo-negativas e das células cancerosas de mama ricas em HER2.”
Aproximadamente 10-20 por cento de todos os cânceres de mama não respondem a nenhuma terapia hormonal atualmente em uso. Esses casos, chamados de câncer de mama triplo-negativo, são extremamente difíceis de tratar e têm um prognóstico muito pior. Eles têm um risco muito maior de o câncer se espalhar e reaparecer do que qualquer outra forma de câncer de mama. Nos últimos anos, os cientistas têm tentado desesperadamente encontrar terapias para ajudar a combater o câncer triplo-negativo, mas falharam.
Felizmente, a equipe descobriu que a melitina pode ser uma arma poderosa contra o câncer de mama triplo-negativo e HER2-positivo. Os cientistas conseguiram até criar uma mistura que é mais eficaz no direcionamento às células cancerosas.
Claro, os cientistas alertam que mais trabalho é necessário para ver se o veneno pode realmente agir em grande escala como uma droga anticâncer. Outros pesquisadores de câncer concordam. “É muito cedo para dizer”, disse o professor associado Alex Swarbrick, do Raven Institute for Medical Research, em Sydney. “Muitos compostos podem matar uma célula de câncer de mama em uma placa ou em um rato. Mas há um longo caminho a percorrer dessas descobertas para algo que pode mudar a prática clínica “, disse ele à BBC.
Texto originalmente publicado em obekti e adaptado pela equipe do blog Educadores.