Início Ciência O cérebro precisa se “emocionar” para aprender.

O cérebro precisa se “emocionar” para aprender.

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Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Boston, colocou um sensor eletro-térmico no pulso de estudante universitário de 19 anos para medir a atividade elétrica de seu cérebro 24 horas por dia durante sete dias. O experimentou acabou revelando um resultado inesperado:  a atividade cerebral do aluno quando assistia a uma aula palestrada era a mesma de quando ele assistia televisão; praticamente nulo. Mas o que isso realmente significava? Bem, pode-se concluir que o modelo pedagógico baseado em um aluno como um receptor passivo não funciona.

“O cérebro precisa se mexer para aprender “, explica José Ramón Gamo, um neuropsicólogo infantil e diretor do Mestrado em Neurodidática na Universidade Rey Juan Carlos. 

Na Espanha já há diferentes movimentos para  transformar o modelo educacional. Um dos modelos que tem sido propostos é a neurodidática.

A neurodidática não  é uma metodologia, mas um conjunto de conhecimentos que está contribuindo com a pesquisa científica no campo da neurociência e sua relação com os processos de aprendizagem. “Antes só podíamos observar o comportamento dos alunos, mas agora, graças às máquinas de neuroimagem, podemos ver a atividade cerebral durante a execução das tarefas”, acrescenta Gamo. Essa informação ajuda professores e pedagogos a decidir quais métodos são mais eficazes.

E você já pensou que a dificuldade de aprendizagem que muitas vezes relacionam à dislexia ou TDAH pode, na verdade, não ter nada a ver com essas síndromes e sim com a medotologia de ensino? Pois é o que Gamo tem estudado por mais de 20 anos. E a conclusão é exatamente essa> nem sempre a dificuldade advém de síndromes pessoais do aluno, e sim da forma ocmo lhe é ensinado o conteúdo.

Gamo  e sua equipe identificaram que 50% do tempo em aulas tradicionais na Espanha é baseado na transmissão de informações para os alunos verbalmente, algo que acontece na escola secundária em 60% do tempo e em bacharelado quase 80%. “Perguntamos sobre o que estava acontecendo nas salas de aula e queríamos saber o que a ciência estava dizendo sobre isso, se esse método seria justificado por algum estudo.” Com base em diferentes investigações científicas e em suas próprias, eles concluíram que, para a aquisição de novas informações, o cérebro tende a processar dados do hemisfério direito – mais relacionados à intuição, criatividade e imagens.

“Nesses casos, o processamento lingüístico não é o protagonista, o que significa que a conversa não funciona. Os gestos faciais e corporais e o contexto desempenham um papel muito importante. Outro exemplo da ineficácia da aula palestrada “, explica Gamo.

A neuro-didática propõe uma mudança na metodologia de ensino para substituir as aulas palestradas por suportes visuais, como mapas conceituais ou vídeos com diferentes suportes informativos, como gráficos interativos que exigem a participação do aluno. Outra aposta é o trabalho colaborativo. “O cérebro é um órgão social que aprende fazendo coisas com outras pessoas”, acrescenta.

O principal problema, em sua opinião, é que as escolas não estão tomando a decisão sobre onde querem inovar, isto faz com que que ninguém as acompanhe na implementação das novas metodologias. “”Os esforços dos centros educacionais estão empacados em métodos tradicionais baseados em palestras, memorização e exames escritos.”

Lázaro, de 34 anos, dá aulas para alunos do sexto ano em uma escola em Moralzarzal e há dois anos e meio aplica a neurodidática na sala de aula. “Meus alunos sempre me disseram que eu era muito legal, mas que minhas aulas eram uma porcaria”, diz ele. Ele começou a procurar uma maneira diferente que fizesse os alunos ter mais interesse pelo que ele estava ensinando. Hoje ele diz: “Meu método respeita o processo pelo qual o cérebro aprende: primeiro vai a motivação, depois a atenção e finalmente a memória. Nessa ordem”.

E você, o que acha da inovação na metodologia de ensino?

Texto originalmente publicado em ibc-psicologia e adaptado pela equipe do blog Educadores.