Início Comportamento Não nascemos ignorantes, aprendemos a ser ignorantes

Não nascemos ignorantes, aprendemos a ser ignorantes

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Classificamos uma pessoa como “ignorante” quando ela não sabe ou não entende algo a ponto de ignorar acontecimentos importantes e relevantes de uma dada situação. Essa ideia de desinformação é muitas vezes uma ideia passiva, tratada como se a pessoa ignorante não tivesse responsabilidade por essa condição, quase como uma vítima da própria falta de conhecimento. Mas será que é realmente assim?

Na verdade, não. A ignorância parte do pressuposto que deveríamos saber de algo o qual não sabemos. Um caminho que deveríamos ter percorrido, e não conhecemos. A ignorância é aquilo que deveríamos ter visto, e não olhamos na direção. E  quando chegamos nessa condição, estamos na denominada “ignorância motivada”, pois é um estado em que você é ignorante por motivações, não por passividade.

O que é ignorância motivada? 

É simplesmente quando escolhemos não saber mais sobre o determinado assunto. Você mesmo se motiva a viver na ignorância. Há ainda aqueles que dizem o ditado “ a ignorância é uma benção” e procuram realmente praticá-lo.

O problema é que quando optamos por esse caminho, deixamos que outras pessoas decidam por nós e nos conduzam conforme as ideias delas. Isso é, consequentemente, ser alguém influenciavel.

Essa ignorância afeta diversas áreas da nossa vida, e inclusive a nossa vida EM SOCIEDADE: quando você, por exemplo, nega ouvir os argumentos de um outro lado político, está correndo o risco de cometer erros, e essa ignorância que você sustenta é responsabilidade unicamente sua. Assim também funciona nos seus relacionamentos: se você suspeita que o companheiro é infiel, mas evita descobrir, seus sentimentos e o estado em que você se encontra também são responsabilidades suas.

Por que escolhemos a ignorância motivada? 

Psicólogos conduziram uma experiência na University of Winnipeg e na University of Illinois onde  recrutaram 200 pessoas e deram-lhes duas opções: ler e responder a perguntas sobre uma opinião (casamento gay) com a qual concordavam ou ler um ponto de vista oposto. 

Aqueles que decidissem ler a opinião com a qual concordaram ganhariam $ 7; mas se escolhessem a opinião oposta, ganhariam 10 dólares. Surpreendentemente – ou não – 63% das pessoas preferiram ler a opinião com a qual concordaram e rejeitaram a possibilidade de ganhar mais dinheiro. 

Nesse caso, optamos por ser ignorantes para evitar dissonância cognitiva. Nós tememos que opiniões contrárias mudem nosso pensamento e as idéias que construímos na nossa mente. Por isso utilizamos da ignorância motivada.

Livrar-se da ignorância não é realmente difícil, basta informar-se, “ mas tal comportamento é impossível para a grande maioria das pessoas porque o hábito de se sentir ignorante se tornou mais forte do que o desejo de aprender ” , segundo  o filólogo Igor Sibaldi.

Texto originalmente publicado em rinconpsicologia e adaptado pela equipe do blog Educadores.