Muito corriqueiramente , as Pancs são confundidas com ervas daninhas ou matinhos que crescem, espontâneos, em todos os lugares como, quintais, ruas e parques. Elas podem apresentar formas de cascas, folhas, raízes e outras partes aparentemente inservíveis de legumes, tubérculos e frutas achadas em lugares como as de qualquer feiras livres, ou simplesmente como pétalas coloridas de flores e sementes de árvores típicas da floresta atlântica.
De acordo com as explicações da nutricionista Cristina Ramos Callegari, resgatar os sustentos em desuso é irreversível. Extensionista rural encarregado pela implantação da Unidade de Referência em Plantas Bioativas e Pancs no Centro de Treinamento da Epagri/SC (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), em Florianópolis, Cristina tem o objetivo de resgatar os hábitos alimentares antigos do consumo dos vegetais conhecidos, porém, atualmente esses alimentos estão esquecidos pelas comunidades locais e ilhas.
“Pescadores, maricultores e suas mulheres têm acervo enorme de conhecimento sobre alimentos antes utilizados no dia a dia, e que deixaram de utilizados na cozinha convencional”, diz Cristina.
O projeto para fazer crescer o consumo e uso de pancs na cidade vai além. Cristina que que sua ideia é prevalecer-se da Lei 11.947/2009, que implica no uso de 30% o consumo de produtos da agricultura familiar na merenda escolar, na inserção de alimentos como pancs no cardápio.
O conceito de Pancs é dado para as espécies e vegetais que caíram após o inicio da industrialização e da massificação dos hábitos fast food. Isso vale ainda para as partes desprezadas de vegetais conhecidos, como por exemplo, folhas de cenoura ou beterraba.
Os matos comestíveis estão por toda a parte”, avalia Cláudia Maria Schmitz, extensionista da Epagri em Urubici. As pancs, Claudia observa, dispensam a compra de sementes, adubação, embalagem e agrotóxicos.-
Viveiro reproduz mudas
Na Unidade de Referência em Plantas Bioativas e Pancs da Epagri, no Itacorubi, quem trabalha com as plantações é o agricultor Arildo Otacílio, 52, foi ele quem organizou entre a pesca e o campo, na Pinheira, em Palhoça. E durante esse tempo foi dirigido pela nutricionista Cristina Callegari, ele organiza os canteiros para o transplante das Pancs que crescem no viveiro, sendo que algumas dessa ervas são conhecidas por ele desde a infância.
“Mas, naquela época eu não sabia que eram comestíveis. Muitas delas eram arrancadas com a enxada quando para o plantio de roças e hortas comuns”, conta. No viveiro, Arildo tem plantado as mudas de açafrão da terra, alecrim, bertalha, capuchinha, cará do ar, erva baleeira, manjerona, hibiscos, moringa, ora por nobis, chaya, tupinambor, perila. Certas plantas já foram provadas por ele, como a azedinha, que se espalha ao lado dos canteiros.
Fartura no terreno baldio
A artista plástica Gabriela Goulart, 28, conheceu as pancs há mais ou menos um ano, quando deu uma dedilhada rápida pelo Facebook, e viu que muitas daquelas plantas faziam parte das receitas da vovó Narcisa. Mas, só começaram a integrar a dieta regular dela e da família há pouco mais de dois meses, quando conheceu o livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil de Valdely Ferreira Kinupp e Harri Lorenzi, emprestado pela amiga Cristina Oliveira.
“Foi a pesquisa de graduação da Tina em artes visuais, e me encantei”, diz Gabriela, que, desde então, virou “caçadora de pancs”. Diariamente, ela sai pelas ruas de Barreiros, para colher certas classes de pancs , as compara com as ilustrações e informações técnicas do livro e transplanta estas no terreno de sua residência . parte de sua colheita ela usa em saladas, refogados e sopas, com comprovação do filho, pelo namorado, pelos pais e sogros.
O que são as Pancs?
As Pancs são espécies de plantas comestíveis silvestres ou exóticas, que nascem naturalmente ou cultivadas, presentes em todos os biomas brasileiros.
Muitas dessa plantas são consideradas ervas daninhas, inços ou até mesmo mato, sendo que suas utilização culinárias e potencialidades nutricionais são ignoradas.
As Pancs são também hortaliças e frutas ricas em nutrientes e comumente não são usadas, como folhas de cenoura, batata doce ou beterraba e o umbigo (coração) da bananeira.
Devido as transformações de industrialização, essas ervas deixaram de fazer parte da cadeia produtiva e da alimentação tradicional.
Conheça algumas desses matos que alimentam
Folha da batata doce A batata doce pode ser aproveitada até pelas suas folhas, que são também comestíveis. Algumas pesquisas, inclusive, já mostram que as folhas possuem mais vitamina C que o próprio tubérculo. Uma boa dica é comê-las refogadas com alho e azeite
Araçá-do-campo Da família da goiaba, a fruta possui vitamina A, B e C, antioxidantes, carboidratos e proteínas.
Capiçoba (Erechtites valerianifoli)
Picão preto
Erva baleeira
Tanchagem
Serralha
Caruru
Azedinha
Flor de abóbora
Capuchinha
Beldroega
Hibisco
Ora por nobis
Moringa
Taioba (Xanthosoma taioba)
Dente de leão
Este artigo foi publicado originariamente no site- O viva Greem, e foi reproduzido adaptado por equipe do blog educadores.