Quando você olha nos olhos do seu animal de estimação, seja ele cachorro ou gato, você não enxerga a pureza e a sensibilidade que eles passam? Eles se parecem como nós: almas que sentem, que conhecem afetos e medos, que merecem respeito e dignidade de qualquer ser humano.
O poder de um olhar transcende muito além do sentido da visão. Por mais surpreendente que possa parecer, nossos nervos ópticos estão intimamente ligados ao hipotálamo, aquela estrutura delicada e primitiva onde nossas emoções e nossa memória estão localizadas . Quem olha sente, e isso é algo que os animais também experimentam.
Muita gente relata que, ao adotar seu cão ou gato, e olhar nos olhos dos mesmos, estabeleceu uma conexão única e a partir daquele momento tudo mudou. Sem saber como, eles nos cativam e nos prendem. No entanto, os cientistas nos dizem que há algo mais profundo e interessante do que tudo isso.
Os olhos dos animais, uma conexão muito antiga
Ninguém se surpreende com a forma como cães e gatos interagem conosco. Desde tempos antigos, são os dois principais animais que convivem com o homem. Eles olham em nossos olhos e são capazes de expressar desejos e necessidades por meio de todos os tipos de abraços, gestos, movimentos da cauda e várias cumplicidades. Harmonizamos comportamentos e linguagens até nos entendermos, e este não é um ato casual. Em vez disso, é o resultado de uma evolução genética onde algumas espécies se acostumaram a viver juntas, para beneficiar umas às outras.
Um interessante estudo realizado pelo antropólogo Evan MacLean nos revela: cães e gatos são muito capazes de ler nossas próprias emoções apenas olhando em nossos olhos.
No entanto, este estudo também nos explica: as pessoas geralmente estabelecem um vínculo com nossos cães e gatos muito semelhante ao que construímos com uma criança pequena .
Então não é muito estranho que tratemos nossos bichinhos como “filhos”, não acha?
Nós os criamos, cuidamos deles e estabelecemos um vínculo tão forte como se fossem mais um membro da família . Nossas redes neurais e nossa química cerebral reagem da mesma maneira como se estivéssemos cuidando de uma criança. Liberamos oxitocina, o hormônio do afeto e do cuidado . E eles, por sua vez, também agem da mesma maneira: nós somos seu grupo social, sua matilha.
Quando olhamos nos olhos de um animal, uma âncora emocional e genética ascende inconscientemente em nossa direção. O ser humano estabeleceu um tipo de vínculo muito íntimo com certos tipos de animais no passado, sendo o cão um dos mais relevantes naqueles tempos remotos, onde a nossa maior prioridade era sobreviver.
O entomologista e biólogo americano Edward Osborne Wilson diz que aqueles humanos que em seus grupos sociais tinham a companhia de vários cães, tinham maior probabilidade de permanecer vivos, em comparação com aqueles que ainda não possuíam esse vínculo.
Pessoas capazes de conquistar um animal, de domesticá-lo e de construir uma relação de afeto e respeito mútuo. Estavam muito mais ligados à natureza, aos seus ciclos, àqueles segredos para encontrar mais recursos para seguir em frente: água, caça, plantas comestíveis …
É possível que hoje nossos cães não nos sejam mais úteis para conseguir comida. No entanto, para muitas pessoas, a proximidade e a companhia de um cão ou gato ainda são essenciais para “sobreviver”.
Texto originalmente publicado em lamenteesmaravillosa e adaptado pela equipe do blog Educadores.