“A boa mãe é aquela que vai se fazendo desnecessária com o passar do tempo”. Certo psicanalista disse. Mas o que seria se fazer desnecessária neste contexto? É possível que uma mãe se torne desnecessária para um filho?
Ser desnecessária, neste contexto, é estimular a autonomia física, emocional, cognitiva e social da criança, por meio da educação maternal. É preciso reprimir o impulso materno de querer colocar a cria debaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Ou seja: ser desnecessária é não deixar que o “amor incondicional” de mãe, provoque dependências eternas nos filhos, a ponto deles não se desenvolverem como membros autônomos e produtivos de uma sociedade.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não para de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
Os pais tem a função de estarem lá sempre que necessário, mas sem essa necessidade. Temos que estar lá, firmes, no sucesso ou no fracasso, com peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Criar seus filhos livres e preparados para viverem num mundo sem vocês. Esse é o maior desafio e a principal missão dos pais.
Ao aprendermos a ser desnecessárias contemplamos com orgulho o voo dos filhos para longe do ninho! Precisamos reconhecer que os nossos filhos crescem, se tornam autônomos, e muitas vezes, mais sábios do que nós. Descobrimos que fizemos um bom trabalho, quando percebemos que estamos sendo dispensadas e desnecessárias. Lembre-se, muito melhor ser solicitada que “oferecida”.
Texto originalmente publicado em portalraizes e adaptado pela equipe do blog Educadores.