Ex-catador de latinhas de Juazeiro do Norte, no Ceará, aprovado em Harvard, Ciswal Santos tem uma história impressionante: ele levou para a África o projeto que desenvolveu para geração de energia elétrica sustentável no nordeste do Brasil, e fez sucesso por lá.
“O meu projeto não gera dinheiro para ricos, favorece a população. Não é corrupto. Não é comercial, por isso não fui aceito [no Brasil]. Aqui [na África] foi abraçado e recebi muitos convites”, afirmou Ciswal ao Diário do Nordeste.
Segundo ele, o chefe da Aldeia Muzumuia adorou o projeto, e ficou encantado com benefícios em ter água, luz e internet de graça. O projeto de Ciswal, inicialmente voltado para famílias do semiárido nordestino, usa placas solares para captação de água, a partir de poços artesianos, e acesso à internet, disponibilizada via satélite.
História
Professor Ciswal Santos, de 31 anos, ficou conhecido após ser aprovado para estudar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em 2018.
Depois disso, ele foi convidado para implantar um projeto seu na África. Isso aconteceu depois que o professor foi nomeado embaixador de Direitos Humanos da Noble Order for Human Excellence (NOHE).
Nascido em Palmares (PE), Ciswal se mudou para Juazeiro do Norte na adolescência quando seu pai, também professor, foi transferido para a cidade de Serra Talhada (PE). Devota do Padre Cícero, a família optou por ficar na terra do sacerdote. Para o jovem se manter na escola e ajudar a sustentar a casa o jovem resolveu trabalhar em um mercantil entregando compras de feiras de bicicleta.
Quando entrou na faculdade, antes de completar os 16 anos, o professor teve que buscar no lixo a solução para seu sonho de continuar estudando. Então ele catava latinhas para reciclagem e, com pouco dinheiro que conseguia, ele pagava xerox, apostila, livros e impressões.
Toda essa dificuldade passada por ele gerou empatia e vontade de ajudar outras pessoas. “Eu tive dificuldade para estudar. O pessoal sabe disso. Eu superei e é através da educação que estou onde estou. Decidi que, enquanto vida tiver, enquanto Deus me der inteligência, duas pernas, dois braços e uma cabeça para pensar, eu vou resolver os problemas dessas pessoas.”
Texto originalmente publicado em sabervivermais e adaptado pela equipe do blog Educadores.