Quarenta e cinco moradores da região de Piracaia, interior de São Paulo, estão um pouco insatisfeitos com a vizinha Cassia Kiss. Depois das falas homofóbicas da atriz, os moradores fizeram um manifesto contra a atriz, que mora ao redor.
“Ela tem uma casa aqui na vila há 1 ano e já estivemos com ela algumas vezes. Cássia comentou com o fundador da vila que tem planos de vir morar de vez aqui após a aposentadoria. O fato é que após tudo isso nós não queremos. Foge completamente dos nossos valores”, disse uma vizinha.
O fundador da vila também foi procurado pelos moradores, para que a atriz seja expulsa do local.
“A comunidade está revoltada com as falas transfóbicas, homofóbicas. E estudamos possibilidades de expressar esse desagrado. Isso sem falar da participação em atos antidemocráticos. Totalmente desproposital para uma comunidade que decide tudo no voto”, afirmou a vizinha.
Leia o manifesto na íntegra:
“Ao tomarmos conhecimento, por meio da mídia, das declarações da Sra. Cássia Kis, nós os moradores/proprietários signatários da Ecovila Clareando, local onde ela também possui residência, vimos a público externar nosso mais profundo repúdio às ofensas proferidas em live à jornalista Leda Nagle, contra pessoas com orientações sexuais ou de gênero diversas, ocasião em que a Sra. Cássia relacionou a existência de homossexuais à destruição das famílias.
Por sermos uma comunidade intencional, mantemos direcionamentos de preservação à vida, manifestos em nosso Estatuto e Manual de Acordos Comunitários, que disciplinam a convivência em nossa comunidade. Logo, tal preconceito se posiciona em completo desalinho com nossos valores de respeito a toda e qualquer existência. Além disso, entendemos que tais discursos, extensamente publicizados pelas mídias e redes sociais, proferidos por pessoas com influência nos meios de comunicação, como é o caso da Sra. Cássia Kis, reforçam e amplificam o preconceito contra pessoas LGBTQIP+, já tão forte, e muitas vezes fatal, em nosso país.
Infelizmente, em pleno 2022, ainda precisamos combater veementemente afirmações desta natureza, repletas de ignorância, de preconceito e discriminação. E, apesar do desgaste e tristeza por debater temas tão elementares, reafirmamos o óbvio – o direito de amar, o direito de se casar e, sobretudo, o direito de existir -, mas o fazemos agora, e faremos sempre que necessário.
Portanto, os moradores/proprietários da Ecovila Clareando, por meio deste manifesto reafirmam o respeito às individualidades de seu coletivo, o respeito a que cada um exerça em plenitude seu direito inalienável de viver e de amar, sem racismo, homofobia, capacitismo, misoginia, preconceito de religião, preconceito etário, de classe e social etc. Acreditamos no poder da educação e enfatizamos que atos como esses no seio da comunidade podem ter consequências graves cujas respostas poderão se tornar jurídicas.”