Você já ouviu falar na cidade chamada Fortuna de Minas? Fica a menos de 100 km da grande capital Belo Horizonte e é pequena, um pouco pacata, não passando dos 3 mil habitantes. A cidade é limpa e bem cuidada, mas algo chama mais atenção que isso: não há pássaros presos em gaiolas.
Certa vez não se via mais no céu pássaros voando. Eles eram capturados e colocados nas gaiolas, onde cantavam tristemente. Já não havia ninhos nas árvores nem aves sobrevoando as casas.
Foi então que um morador local chamado Washington Moreira Filho constatou essa realidade e decidiu propor alguma mudança. Ele sonhava em ver a praça da cidade rodeado de canários e rolinhas, trinca-ferros e outras aves. Então começou a conscientizar os moradores sobre a importância de se ter pássaros livres.
A ideia era que ele conseguisse convencer moradores a deixar a cultura de engaiolar pássaros para trás, e libertassem aqueles que estavam em suas gaiolas. Foi, inicialmente, algo muito difícil visto que a prática se seguia há anos e no início obteve pouco apoio na cidade.
Com o tempo, e sem desistir de seu objetivo, Washington foi convencendo as pessoas. Elas começaram então, semana após semana, a soltarem seus pássaros das gaiolas e deixar que eles fossem livres. Quanto mais o tempo passava mais a cidade se conscientizava e ia modificando seus hábitos. Até mesmo uma marcenaria deixou de fabricar instrumentos de caça. “Ninguém quer ficar preso. O canto é bonito. Estou orgulhoso de ter uma vida desse jeito, e eles também. Os passarinhos também querem viver tranquilos”, declarou “Seu” Zé, dono da marcenaria.
Hoje o resultado dessa iniciativa que começou individualmente é grandioso: não se vê mais pássaros em gaiolas e a cidade está repleta deles, sobrevoando casas e fazendo seus ninhos nas árvores. Além disso, a cidade se adaptou e substituiu a produção de gaiolas e alçapões para produzir casas para passarinhos! A população espalha canjiquinha, fubá e alpistes nas praças, casinhas e outros lugares para que as aves se alimentem. E assim a cidade vai ficando cada vez mais encantada.
Quem ama a vida, não aprisiona. Essa iniciativa nos mostra que, mesmo que estejamos inicialmente sozinhos em uma causa, nossas ações podem modificar o todo e impactar não somente um grupo de pessoas como também a natureza.
Texto originalmente publicado em conhecaminas e adaptado pela equipe do blog Educadores.