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Você já se perguntou como o pombo-correio sabe para onde ele deve levar a mensagem?

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Os pombos-correio são da mesma espécie de qualquer pombo comum que você veja pela rua. Não é super especial, não! Ele somente apresenta um porte maior e uma carúncula mais acentuada na base do bico. Como um recurso alternativo de comunicação, foram usados na Primeira e Segunda Guerra Mundial.

Até pouco tempo atrás o exército russo mantinha uma “divisão” para pombos-correio, e na Inglaterra, há cerca de apenas 10 anos, um hospital utilizava essa alternativa para levar amostras de seu laboratório por não ter que enfrentar trânsito e ser mais rápido. E faz parte do folclore que elas também sejam usadas no contrabando de drogas e diamantes”.

Mas você nunca se perguntou como o pombo-correio sabe para onde ele deve levar a mensagem?

Bom, para início de conversa, o pombo-correio não leva uma mensagem espontaneamente a um determinado destino, como muita gente pensa. Em vez disso, ele é transportado de seu lugar de origem até certo ponto de partida, de onde ele saberá fazer o retorno para casa. “É um mecanismo natural que ele tem. Trata-se de uma estratégia adaptativa, ou seja, um resultado da seleção natural. Alguns animais são nômades, outros, migratórios. Já os pombos-correio possuem uma moradia fixa e procuram sempre voltar para esse abrigo, onde encontram proteção, alimento e os membros de seu bando”, diz o professor Ronald Ranvaud, que ministra as disciplinas de Neurofisiologia e Ciências Cognitivas no Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). “Na etologia, que engloba os estudos de comportamento, isso é chamado de fidelidade ao sítio de origem”, complementa o professor.

Se o pombo-correio é um pombo comum, qualquer um serve para levar uma mensagem?

A resposta é não. Se pegássemos um pombo de rua e o levássemos a um lugar desconhecido ele provavelmente voltaria para casa. No entanto, existe uma limitação. “Se o animal for afastado cerca de 15 km de onde vive, por exemplo, ele certamente saberia encontrar o caminho de volta. Mas se essa distância exceder uns 50 km, ele dificilmente voltaria, pois precisaria ter um porte de atleta”, diz Ronald Ranvaud. Por esse motivo que os pombos-correio se diferenciam dos demais: para enviar mensagens, eles são treinados desde filhotes a voar longas distâncias. O treinamento começa logo que o animal aprende a voar, geralmente em torno de 30 a 45 dias de vida. De início, o animal voa livremente todos os dias, mas não se afastando muito do pombal. Com o tempo, ele começa a praticar longas distâncias e vai aprendendo a voltar.

Para o retorno para casa, os pombos aproveitam três habilidades: a visão, relógio interno, e a memória.

Pela visão ele identifica o sol e sua posição – leste, oste, norte. Já pelo relógio interno ele consegue identificar o período do dia, entre manhã, tarde e noite. E a memória é o que junta a posição do sol e o horário interno. “O Sol muda de lugar ao longo do dia: de manhã, indica o leste; ao meio-dia, o norte (no hemisfério sul); de tarde, oeste. Funciona como uma bússola”, diz Ronald. “Mas para usar o astro como bússola, é essencial ter um relógio para saber qual a sua posição a cada hora do dia”. 

Além de enviar mensagens, atualmente o pombo-correio também é utilizado para competições chamadas columbofilia. “Há uma prova na Europa em que eles partem de Barcelona e chegam à Bélgica, percorrendo quase mil quilômetros. No Brasil, há uma em que saem de Brasília e chegam a São Paulo, ou seja, são mais de 900 quilômetros e tem pombo que voltou no mesmo dia. Alguns deles voam direto, sem paradas. Outros até param para beber água, por exemplo, depende da condição de cada um”. Alguns também não volta, pois se perdem ou são capturados por gaviões.

Mas se você pensa que somente o pombo sabe seu caminho de volta pra casa você está enganado. Qualquer animal, em maior ou menor grau, possui essa habilidade. As abelhas fazem isso o tempo todo. Os gatos também – alguns donos que tentam abandoná-los se dão mal, pois em alguns dias eles aparecem novamente em casa. E muitos outros fazem esse retorno.

Texto originalmente publicado em novaescola e adaptado pela equipe do blog educadores.