A presença da tecnologia transformou completamente o comportamento das pessoas, isso é inquestionável. No meio literário, a disponibilização de livros digitais, que podem ser acessados através de qualquer dispositivo móvel, se mostrou um potencial competidor em relação aos livros físicos. Mas se enganam aqueles que pensam que esse é o principal ou único fator que tem acabado com livrarias no Brasil.
PRESENÇA DAS PLATAFORMAS DIGITAIS
As facilidades que a tecnologia proporciona, sem dúvida, contribuíram para que muitos leitores optassem por plataformas, como a Amazon, que hoje lidera as vendas de livros digitais no Brasil. Contudo, era esperado um desempenho ainda maior desse setor, provando que o leitor continua fiel às livrarias.
A ausência de uma locação física e dos impostos relacionados a ela e ao processo de produção, gera preços mais acessíveis para as vendas Online.
AQUISIÇÃO DE DÍVIDAS E AS MEGALOJAS
O fechamento de lojas da Saraiva e da Cultura, líderes e referências nesse mercado, representa o estopim de uma crise que começou há quase dez anos, quando a redução brusca de seus faturamentos, aliada à mudança de comportamento do mercado e do leitor brasileiro, indicou o início de uma potencial derrocada.
Mas o problema é que mesmo diante de um possível colapso financeiro, essas mesmas livrarias contraíram mais dívidas ao proporcionar a abertura de mais filiais pelo país, as chamadas megalojas.
RELAÇÃO COM AS EDITORAS
Pode-se dizer que, nos últimos anos, houve uma concentração de vendas nas mãos das livrarias Saraiva e Cultura, que juntas chegaram a representar 40% desse mercado. Isso aconteceu porque as livrarias firmaram contratos exclusivos com as editoras, o que prejudica as livrarias menores.
Para continuar na briga pelas vendas e não precisar fechar as portas, tornou-se comum que as próprias editoras oferecessem seus produtos diretamente aos clientes.
O PAPEL DO GOVERNO FEDERAL E AS NOVAS FORMAS DE CONSUMO
Amarrando os pilares que contribuíram para a atual crise do mercado livreiro, ainda é possível citar a redução nas compras de livros didáticos feitas pelo governo federal.
Ocasionada pela crise financeira de 2014, essa redução fez com que certas livrarias perdessem sua fonte de renda principal, e é claro que isso prejudicou mais ainda a questão das dívidas.
Ou seja…
A crise do mercado livreiro no Brasil encontra respaldo nestas quatro situações acima e tem, por consequência, o fechamento de mais de dezenas de lojas pelo país. Não é possível afirmar que existe um culpado específico, muito menos que o desaparecimento dessas lojas acontece porque o brasileiro não lê. Existe muito mais problemas por trás.
Texto originalmente publicado em falauniversidades e adaptado pela equipe do blog Educadores.