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Vacina contra o HIV chega à última fase de testes pela primeira vez em mais de 10 anos

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O vírus HIV, quando não tratado, causa a AIDS. Essa doença vem a anos trazendo preocupações para as pessoas e exigindo todo cuidado, por se tratar de uma doença sem cura.

No entanto, uma boa notícia surgiu: um protótipo de vacina contra o HIV chega à última etapa dos ensaios clínicos que deve determinar se no mundo real ela protege contra a transmissão do vírus.

São duas vacinas, uma codificada com três proteínas e outra com quatro, que por ter esta mistura se chamam mosaico, diz Antonio Fernández, pesquisador da Janssen. As duas foram testadas e mostradas como criadoras de anticorpos, agora falta analisar sua aplicação em condições reais.

Para verificar a permanência e intensidade da proteção, o teste dessa fase durará  24 a 36 meses e contará com 250 voluntários da espanha, sendo 3800 ao total no mundo. José Moltó, da Fundação de Luta Contra a AIDS (FLSida, na sigla em espanhol), com sede em Barcelona, é um dos médicos que vão participar do teste. Ele diz  que a demora para o desenvolvimento de uma vacina se deve ao fato de o HIV ter uma “enorme variabilidade”.

Os atuais tratamentos têm sido bastante eficazes, o que tem diminuído as campanhas sobre a doença, falando menos da AIDS e HIV. O Plano Nacional sobre a AIDS na Espanha calcula que no ano passado houve mais de 2.600 novos infectados, em linha com uma tendência de leve queda em relação aos 3.000 ou 3.500 de uma década atrás. Mas, mesmo assim, segundo o Instituto Nacional de Estatística, ainda conta com uma mortalidade de mais de 400 pessoas ao ano.

Embora o tratamento tenha sido descoberto há 25 anos, o Unaids, programa da ONU para o combate à AIDS, calcula que 12 milhões do total de 38 milhões de pessoas que vivem no mundo com o vírus ainda não o recebam. Esses são os que, com o tempo, podem vir a desenvolver a AIDS, em conjunto com outras doenças causadas pelo fraco sistema imunológico.

Outro fator relacionado ao sucesso dos atuais tratamentos é o fato de que ele acabou desacelerando as pesquisas pela vacina, segundo opinião do presidente do Gesida, Esteban Martínez. . Em 2009, a tentativa que chegou mais longe foi descartada após conseguir uma proteção de 30%. Agora, “o padrão com o qual se compara é muito alto”, afirma Martínez.

Ainda assim, Martínez acredita que embora ter uma vacina seja um avanço, deve ser considerado que atualmente o tratamento dado é mais acessível, considerando os custos e a segurança. Existe a possibilidade de que uma vacina não tenha uma proteção tão duradoura, que exija revacinação, e outros obtáculos que podem por em prova a utilização comercial da vacina.

Já Ramón Espacio, presidente da Coordenadoria Estatal de HIV e AIDS da Espanha (Cesida), acredita que tudo dependerá da eficácia da vacina e do regime da vacinação. Se for possível conseguir que com uma dose de vacina imunizem para a vida toda ou por um período de cinco anos, “será mais confortável e mais aplicável para a população dos países pobres. E o argumento é defendido, também por Fernández, da Janssen: “Pode-se conseguir um custo menor que o dos tratamentos, e pode ser mais fácil de administrar do que confiar que pessoas em lugares onde falta até água potável tomem um comprimido diário”.

Texto originalmente publicado em brasil.elpais e adaptado pela equipe do blog Educadores.