Início Destaque Mãe solteira e mãe solo: entenda as diferenças

Mãe solteira e mãe solo: entenda as diferenças

334
0

Mães solo são mães chefes de família que que somam cerca de 11,6 milhões no Brasil, de acordo com os dados do último censo do IBGE de 2005-2015.

A professora doutora na Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e pesquisadora na área de maternidade e gênero, Clarissa Carvalho, explica as diferenças entre os termos mãe solteira e mãe solo.

“A questão é que o termo mãe solteira é totalmente carregado de termos depreciativos. Primeiro, não existe mãe casada, mãe divorciada ou mãe viúva, por que existe mãe solteira? Ser solteira é um estado civil, que pode ou não ser conjugado com ser mãe. É um termo pejorativo, que leva a entender ‘é mãe, mas não é casada’”, afirmou a doutora.

Rendo em vista que ser mãe independe de ter um cônjuge, se torna cada vez mais importante dar um nome correto para as mães que hoje são chamadas de “mães solteiras”. É assim que surge o termo mãe solo.

“O termo mãe solo veio na tentativa de substituir esse termo mãe solteira. Há quem use também mãe autônoma. Esses termos de fato remetem que a mãe é a única responsável pelos cuidados dos filhos, sem ter um companheiro que divida essas tarefas e sem aludir ao estado civil dessa mãe. Até porque comumente vemos mulheres casadas que acabam sendo mães solo, cujo os companheiros não assumem funções. Mãe solo reflete unicamente ao fato de que essa mulher exerce a parentalidade sozinha, independente do estado civil dela. Assim como existem mulheres solteiras que têm seus filhos e não são mãe solo, no sentido de que o pai da criança divide as funções com essa mulher”, frisou a pesquisadora. 

OS IMPACTOS DE SER MÃE SOLO

Ser mãe, naturalmente, já não é algo simples e fácil. No que diz respeito às mães solo, tudo parece ser ainda mais difícil.

“As mulheres por si só já são rodeadas de cobrança. Quando esta é mãe e tem uma responsabilidade de exercer múltiplas funções e ainda saber lidar com as expectativas familiares quanto à educação e criação que essa mãe vai dá para o seu filho, ela recebe questionamentos sobre a qualidade do apoio e modelo e se estará presente em momentos da fase de desenvolvimento dessa criança. As pessoas, muitas vezes, tendem a julgar sem conhecer a dinâmica de vida dessa mãe e isso leva ao desgaste e vulnerabilidade emocional dessa mulher”, destacou o psicólogo Rodrigo Damasceno.

O psicólogo ainda ressalta que pode surgir grandes dificuldades para uma mãe solo dividir seu tempo entre cuidar e estar com os filhos, e cuidar de si mesma. “As mães podem ter uma dificuldade muito grande na hora de organizar o seu tempo para exercer tantas funções e ainda ter tempo para estar com seus filhos. É uma preocupação constante.” Disse o especialista.

A IMPORTÂNCIA DA REDE DE APOIO

Para mães solo, o apoio é extremamente importante e faz toda a diferença, já que não contam com a participação do pai da criança. A rede de apoio – os avós, os tios, e até mesmo os amigos – são necessárias para que as mulheres consigam cuidar de si mesmas também.

É importante que a sociedade entenda que ser mãe não é sinônimo de largar tudo na vida e dedicar cem por cento de si ao seu filho. Na verdade, as mulheres devem dedicar tempo à si mesmas, fazer coisas das quais gostam – além de ficar com seus filhos – para que assim possam ter um cuidado com a sua própria saúde mental. Estando bem física e emocionalmente, uma mãe solo pode desempenhar seu papel de mãe sem a influencia de fatores externos como ansiedade, depressão, e estresse.

O psicólogo Rodrigo Damasceno deixa uma orientação:

“Antes que possamos julgar qualquer atitude ou algo que determinada mãe esteja fazendo que possamos compreender um pouco mais a realidade da vida daquela pessoa. Vivemos em uma sociedade tão punitiva, machista e desigual. É necessário que tenhamos essa cautela para não desrespeitar essas mulheres. Sobretudo fortaleçam a sua saúde mental!” 

Texto originalmente publicado em oitomeia e adaptado pela equipe do blog Educadores.